Cultura
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Alentejo
Há 10 anos, a UNESCO reconhecia o chocalho de Alcáçovas: uma arte frágil que resiste ao tempo

A 1 de dezembro de 2015, Portugal celebrava a inscrição do fabrico de chocalhos na lista do Património Cultural Imaterial que Necessita de Salvaguarda Urgente da UNESCO. Passada uma década, a distinção continua a ser mais do que um selo internacional: é um lembrete de que esta arte ancestral, enraizada em Alcáçovas e inseparável da pastorícia alentejana, permanece vulnerável e exige proteção ativa para sobreviver.
O chocalho é, há séculos, a voz metálica do Alentejo profundo. A sua história acompanha a da pastorícia, das rotas do gado, dos homens que percorriam os campos com o som quente e grave das campainhas. A partir da década de 1740, esta arte tornou-se a principal atividade económica da vila de Alcáçovas, lugar onde o fogo, o barro e o cobre se encontram para dar forma a um objeto que é simultaneamente utilitário e identitário.
Hoje, porém, o fabrico tradicional resiste graças ao trabalho de muito poucos. A fábrica Chocalhos Pardalinho – de Guilherme Maia e Francisco Cardoso – e o chocalheiro Rui Picavéu são os últimos guardiões de uma técnica que exige precisão, força, sensibilidade e o domínio de processos artesanais que ficaram praticamente inalterados ao longo dos séculos. Cada peça é batida, moldada e calibrada à mão, num ritual que poucos ainda sabem executar.
A distinção da UNESCO foi decisiva para devolver visibilidade a esta arte, contribuiu para atrair visitantes, revitalizar a economia local e afirmar o chocalho como um símbolo maior da região de Viana do Alentejo. Mas também trouxe uma responsabilidade acrescida: a consciência de que este património é único e frágil, e que sem políticas públicas firmes, sem formação e sem transmissão geracional, poderá desaparecer em poucas décadas.
O Município de Viana do Alentejo reconhece essa urgência e tem procurado desenvolver estratégias de valorização e salvaguarda, desde programas educativos até ações de promoção turística e cultural que devolvem o fabrico de chocalhos ao lugar central que sempre ocupou na identidade local. O objetivo é claro: garantir que esta arte não se extingue, que encontra espaço para crescer e que continua a ser uma prática viva, com futuro.
Recorde-se que a candidatura portuguesa à UNESCO foi coordenada pelo antropólogo Paulo Lima e liderada pela Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, em colaboração estreita com a Câmara Municipal de Viana do Alentejo e a Junta de Freguesia de Alcáçovas. O processo envolveu artesãos, especialistas, agentes culturais e a própria comunidade, que viu na classificação internacional uma forma de reconhecimento e de esperança.
Uma década depois, o som dos chocalhos permanece como memória e resistência. Em Alcáçovas, o eco metálico que outrora se confundia com o passo lento dos rebanhos continua a fazer-se ouvir, agora como um apelo coletivo à preservação. Não é apenas uma arte que se celebra — é uma forma de vida, uma marca do território e um testemunho da capacidade humana de transformar a matéria em identidade.
Alentejo
Évora celebra 10 anos das Montras Vivas com edição histórica e candidatura ao Guinness

No próximo dia 13 de dezembro, Évora volta a transformar-se num grande palco artístico a céu aberto para assinalar o 10.º aniversário da iniciativa Évora Solidária Cidade Viva, um evento que nasceu em 2015 e que, desde então, tem procurado unir comércio tradicional, arte, turismo e solidariedade no coração de uma cidade classificada pela UNESCO. A ideia original — criada por Nuno Monteiro, promotor cultural ligado à valorização do Alentejo — cresceu, ganhou dimensão e regressa agora com uma ambição renovada. A 5.ª edição marca um ponto de viragem: passa a ser organizada integralmente pela ERTAR, pelo Grupo Diário do Sul e pelo Município de Évora, contando como parceiros oficiais a Escola de Artes da Universidade de Évora e o programa Évora 27, que prepara a cidade para o ano em que será Capital Europeia da Cultura.
Entre as Portas de Moura e o final da Rua Cândido dos Reis, cem lojas do centro histórico irão receber entre 100 e 120 modelos, numa das maiores edições de sempre do evento. O número expressivo valeu mesmo uma candidatura ao Guinness World Records, procurando o reconhecimento como o maior evento de montras vivas alguma vez realizado num centro histórico classificado pela UNESCO. Ao longo do dia, as montras deixam de ser vitrinas estáticas para se converterem em verdadeiros micro-palcos: performances, artes plásticas, música, teatro, design e intervenções espontâneas dão corpo ao tema deste ano, “A excelência das artes”. Todos os espaços contam com a participação de estudantes de excelência da Escola de Artes da Universidade de Évora, responsáveis por reinterpretar cada montra como uma instalação cultural.
O evento assume-se como instrumento de promoção turística e cultural, num momento estratégico para a cidade. A organização acredita que a iniciativa deve consolidar-se não apenas como tradição natalícia, mas também como um novo modelo de programação artística, capaz de desdobrar-se em edições futuras, incluindo formatos de verão vocacionados para moda, design e turismo urbano. Para os responsáveis, esta edição não é apenas comemorativa: é também preparatória de um caminho que converge para Évora 2027 — Capital Europeia da Cultura —, procurando afirmar a cidade como espaço vibrante, criativo e contemporâneo.
A dimensão solidária, presente desde a primeira edição, mantém-se este ano com especial simbolismo. Quatro utentes da APPACDM participarão pela primeira vez como modelos, numa integração que pretende reforçar a visibilidade e inclusão das pessoas com deficiência intelectual. Além das montras vivas, a festa estende-se às ruas. Grupos de cante alentejano, tunas académicas e outros músicos preencherão o centro histórico ao longo do percurso, acompanhados por cinco palcos exteriores onde decorrerão apontamentos musicais durante todo o evento.
O programa inicia-se às 10h30, com a chegada do Pai Natal, seguindo-se a abertura oficial às 11h00. As montras vivas estarão em atividade das 11h00 às 13h00 e das 15h00 às 18h00. De iniciativa local a evento artístico de projeção nacional, o Évora Solidária Cidade Viva tornou-se, ao longo de dez anos, uma marca identitária da cidade. Num tempo em que muitos centros históricos lutam contra a desertificação comercial, Évora escolhe celebrar a sua vitalidade com arte viva, comunidade e reinvenção.
Alentejo
Concerto de Natal no Santuário de Vila Viçosa celebra património religioso e música coral

O Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição, em Vila Viçosa, acolhe no próximo dia 14 de dezembro, às 16h00, o Concerto de Natal pelo Ensemble São Tomás de Aquino. A iniciativa é promovida pela Fundação Unitate em parceria com o Município de Vila Viçosa.
O concerto terá lugar num dos espaços de maior simbolismo histórico e religioso do país, oferecendo ao público um programa especialmente preparado para a ocasião, com peças natalícias, litúrgicas e marianas interpretadas pelo reconhecido ensemble.
Segundo a Fundação Unitate e a autarquia, a iniciativa pretende reforçar a oferta cultural fora dos grandes centros urbanos, proporcionando o acesso à música coral de qualidade e contribuindo para a dinâmica cultural e espiritual da região, particularmente intensa durante o período natalício.
Os promotores sublinham ainda a importância de atividades que aproximam o público do património religioso, valorizando a tradição musical associada ao culto e à celebração da época.
O concerto conta com o apoio da Régia Confraria de Nossa Senhora da Conceição e integra a programação oficial do município para o Natal. A organização espera receber residentes, visitantes e peregrinos no Santuário Nacional, considerado um dos mais emblemáticos espaços do património religioso português.
Economia
Paramount faz contraproposta para travar compra da Warner pela Netflix

A Paramount avançou com uma proposta de 93 mil milhões de euros para adquirir a totalidade da Warner Bros. Discovery, poucos dias depois de ter sido anunciado um acordo preliminar entre a Netflix e a WBD. A oferta supera largamente os cerca de 71 mil milhões de euros apresentados pela Netflix, que não incluíam os canais de cabo da empresa.
No comunicado divulgado esta segunda-feira, a Paramount afirma que irá dirigir-se diretamente aos acionistas da Warner com uma oferta de 30 dólares por ação, totalmente em dinheiro, e pede que rejeitem o acordo com a Netflix. A empresa argumenta que, ao contrário da proposta da gigante do streaming, a sua oferta consegue suportar o processo regulatório necessário, evitando aquilo que descreve como um risco prolongado para os acionistas.
A Paramount acusa a Netflix de expor a WBD a um caminho regulatório incerto e demorado, envolvendo múltiplas jurisdições e uma combinação complexa de ações e capital. David Ellison, CEO da Paramount, defende que a sua proposta “criaria uma Hollywood mais forte”, beneficiando criadores, público e indústria.
A Netflix, por sua vez, tinha oferecido 27,75 dólares por ação num acordo misto de ações e dinheiro, garantindo acesso ao vasto catálogo da Warner, incluindo a HBO Max e franquias como Harry Potter. As redes CNN e Discovery não estavam incluídas no negócio.
A disputa ganhou também contornos políticos. O Presidente dos EUA, Donald Trump, declarou que o acordo da Netflix “pode ser um problema” devido ao peso de mercado que resultaria da fusão, afirmando que terá um papel na análise governamental à transação.
A oferta pública da Paramount é válida até 8 de janeiro de 2026, podendo ser prorrogada. Na abertura dos mercados desta segunda-feira, as ações da Warner Bros. e da Paramount subiram entre 5% e 6%, enquanto as da Netflix registaram uma ligeira queda.
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