Agricultura
Lampreias anádromas e ameaças ao seu ciclo de vida estudadas na UÉ
As alterações climáticas e de regimes oceanográficos, a existência de barreiras artificiais nos principais rios e a falta de qualidade das águas entre as principais ameaças ao ciclo de vida e sobrevivência das Lampreias anádromas. O estudo “Management of anadromous lampreys: Common threats, different approaches”, desenvolvido por investigadoras da Universidade de Évora (UÉ) em colaboração com outros especialistas mundiais foi publicado no Journal of Great Lakes Research.
Maria João Lança, Professora no Departamento de Zootecnia, investigadora no Instituto Mediterrâneo para Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento (MED) e Catarina Sofia Mateus, investigadora no Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da Universidade de Évora em conjunto com alguns dos maiores especialistas mundiais em biodiversidade analisam 10 espécies de lampreias anádromas (i.e., espécies que vivem o estado adulto no meio marinho mas migram para os rios para se reproduzirem) existentes no mundo. As investigadoras da UÉ esclarecem que uma lampreia anádroma tem um ciclo de vida dividido entre dois ambientes distintos: o rio e o mar. Os adultos vivem no mar, migrando para os rios para realizar a postura. Desovam em zonas de seixo, cascalho e areia. As larvas (amocetes) vivem enterradas no leito arenoso do rio e preferem zonas pouco profundas, com correntes fracas e ensombradas. As larvas são filtradoras, mas os adultos são parasitas e alimentam-se do sangue de outros peixes. Durante a migração e desova os adultos não se alimentam. É uma espécie semélpara, ou seja, reproduz-se apenas uma vez ao longo do seu ciclo de vida, morrendo logo de seguida.
Segundo o estudo, estas espécies defrontam-se com onze tipos de ameaças ao seu ciclo de vida e sobrevivência, entre as principais constam as alterações climáticas e de regimes oceanográficos; a existência de barreiras artificiais nos principais rios; a qualidade das águas; a existência de baixos caudais /gestão de fluxos; a degradação ambiental; a perda de habitat disponível; a predação; as relações presa-predador e a sobre exploração. O grupo de investigadores discutiram formas de contornar ou mitigar as mesmas ao mesmo tempo que são destacadas as principais lacunas de informação sobre a biologia destas espécies e os esforços que têm sido feitos neste sentido.
A investigadora do MED da Universidade de Évora salienta que em Portugal existem duas espécies anádromas, a lampreia-marinha (Petromyzon marinus) e a lampreia-de-rio (Lampetra fluviatilis), a última de menores dimensões. Ambas estão classificadas com estatuto de ameaça em Portugal, sendo a lampreia-marinha classificada como Vulnerável e a lampreia-de-rio classificada com a categoria de maior ameaça, Criticamente em Perigo.
A lampreia-marinha ocorre nas principais bacias a norte do Rio Sado, e, embora em menor abundância, na bacia do Guadiana. Já a lampreia-de-rio ocorre apenas na bacia do Tejo, estando restrita à sub-bacia do rio Sorraia, onde é extremamente rara. Esta espécie é alvo do projeto EVOLAMP da Universidade de Évora coordenado pela investigadora Catarina Sofia Mateus que pretende investigar as bases moleculares de ciclos de vida alternativos em lampreias, através da análise de diferentes estádios do ciclo de vida de duas espécies próximas com estratégias distintas, a lampreia-de-riacho (Lampetra planeri), espécie não-parasita e residente em água doce, e a lampreia-de-rio (Lampetra fluviatilis), espécie parasita e migradora anádroma.
No caso da lampreia-marinha, “a perda da conectividade longitudinal dos cursos de água e a sobrepesca e pesca ilegal são as principais ameaças que esta espécie enfrenta” faz notar a investigadora do MARE. A lampreia-de-rio não é alvo de pesca, sendo que a principal ameaça a esta espécie é a perda da conectividade longitudinal dos cursos de água e todas as intervenções humanas que ocorrem na sua restrita área de ocorrência.
De sublinhar que Maria João Lança e Catarina Sofia Mateus fazem parte de uma equipa que estuda estas espécies há 20 anos, e têm contribuído para a implementação de medidas de gestão e conservação de peixes migradores, amplamente reconhecidas e premiadas a nível nacional e internacional. Estes trabalhos são considerados casos de sucesso. No caso do estudo publicado no Journal of Great Lakes Research as investigadoras da UÉ contribuíram com o seu conhecimento sobre a biologia e ecologia das espécies que ocorrem em Portugal (Petromyzon marinus e Lampetra fluviatilis), bem como com a vasta experiência em ações de gestão e conservação.
“Esta colaboração com colegas de todas as partes do mundo, que estudam diferentes espécies, foi muito elucidativa relativamente àquilo que se sabe em relação a cada uma”, são unanimes em afirmar as investigadoras envolvidas neste estudo, acrescentando que “ficou evidente que espécies com interesse comercial (como a lampreia-marinha em Portugal, por exemplo) estão muito melhor estudadas, do que espécies menos abundantes ou sem interesse comercial”. Dentro de uma mesma espécie “há também diferentes níveis de conhecimento das populações, que pode também estar relacionado com o facto de ser uma espécie com interesse comercial apenas em algumas áreas da sua distribuição (por exemplo as populações portuguesas de lampreia-marinha versus populações anádromas norte Americanas).”
As investigadoras destacam os trabalhos que têm vindo a ser feitos para várias espécies que visam a reabilitação dos seus habitat, a gestão da pesca e uma melhor compreensão dos seus movimentos e ciclos de vida. Para algumas espécies há algumas lacunas de conhecimento, “destacando-se algum desconhecimento sobre a sua distribuição, abundância e como mitigar as ameaças às quais estão sujeitas” acrescentam as investigadoras.
A tendência geral “é de que o conhecimento e interesse nas espécies do Hemisfério Sul é inferior ao observado para as espécies do Hemisfério Norte. Além disso, em geral as lampreias de maiores dimensões despertam maior interesse, quer a nível de exploração comercial, como de investigação e gestão”, concluem.
Crédito fotográfico: Catarina Sofia Mateus
Fonte: Universidade de Évora
Alentejo Central
EDIA lança concurso público para construção do Bloco de Rega de Reguengos de Monsaraz
Foi publicado no Diário da República, a 30 de outubro, o concurso público para a construção do Bloco de Rega de Reguengos de Monsaraz. Lançado pela EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva, o projeto representa um investimento significativo de 32,85 milhões de euros, inserido no Circuito Hidráulico de Reguengos de Monsaraz.
Com uma área total de 4.786 hectares, o bloco de rega abrangerá zonas dos concelhos de Reguengos de Monsaraz e Évora. A empreitada tem um prazo de execução previsto de 18 meses, e as empresas interessadas em concorrentes deverão apresentar as suas propostas até ao dia 19 de dezembro.
A presidente da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz, Marta Prates, sublinha a importância desta obra para a região: “O setor agrícola é fundamental para a economia do concelho, devendo ser sempre defendido e valorizado.” A autarca enalteceu o concurso público como resultado de uma luta de três anos, durante a qual foram organizadas iniciativas junto aos agricultores para criar um grupo de pressão, além de várias audiências solicitadas aos sucessivos ministros da Agricultura. “Este governo assumiu o compromisso e teve a vontade política para lançar o concurso do único bloco de rega que ainda não estava contemplado nas empreitadas do Circuito Hidráulico e que não tinha o financiamento assegurado”, reforça Marta Prates.
A autarca recorda ainda a visita do Ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, a 27 de agosto, data em que recebeu a notificação do avanço da obra: “Foi nesse dia que tive a certeza que o Bloco de Rega de Reguengos ia avançar . O governo deu-nos a garantia de que o perímetro de rega estará disponível em 2026, permitindo que os agricultores possam considerar as suas culturas.”
A agricultura, especialmente a vitivinicultura, é a base económica de Reguengos de Monsaraz, com centenas de pequenos agricultores e 14 produtores de vinho na sub-região vitivinícola local, responsáveis pela produção de milhões de litros de vinho anualmente. Este bloco de rega vem assim fortalecer a sustentabilidade e o desenvolvimento do setor agrícola no concelho, proporcionando novas oportunidades para a expansão e melhoria das condições de produção.
Alentejo
Município de Montemor-o-Novo e APORMOR Firmam Protocolo para Realização da Feira da Luz / Expomor 2024
Foi celebrado hoje, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Montemor-o-Novo, o Protocolo de Colaboração entre a Câmara Municipal de Montemor-o-Novo e a APORMOR (Associação de Produtores do Mundo Rural), visando o apoio financeiro e logístico para a realização da Feira da Luz / Expomor 2024.
O acordo prevê um apoio financeiro de 40.000€ (quarenta mil euros) por parte do Município, destinado às atividades organizadas pelas diversas associações de criadores que ocorrerão no espaço APORMOR durante o evento. Além disso, a Câmara Municipal compromete-se a garantir as necessidades logísticas e a manutenção do espaço para assegurar o sucesso da feira.
A Feira da Luz / Expomor 2024, que acontecerá entre os dias 28 de agosto e 2 de setembro, é um dos eventos mais aguardados da região, reunindo exposições, leilões e diversas atividades culturais e económicas no Parque de Exposições Municipal e no Parque de Leilões/Exposições de Montemor-o-Novo.
A assinatura do protocolo contou com a presença de Olímpio Galvão, Presidente da Câmara Municipal de Montemor-o-Novo, e do Eng.º Joaquim Capoulas, Presidente da APORMOR. A Eng.ª Maria do Céu Salgueiro, representante da Direção da APORMOR, também esteve presente na cerimónia.
Este acordo reforça a parceria entre o Município e a APORMOR, consolidando o apoio às iniciativas que promovem o desenvolvimento rural e a valorização das tradições locais, com grande impacto na economia da região.
Sociedade
Produção intensiva da tâmara mais valorizada está a reduzir a biodiversidade no Norte de África
A Escola de Ciências da Universidade do Minho (UMinho) está a ajudar a revitalizar os oásis de tamareiras no Norte de África, levando à sua produção sustentável e à maior valorização. Trata-se do projeto GreenPalm, que desde 2020 junta ainda parceiros de Tunísia, Itália e Espanha e é financiado pela Parceria para a Investigação e Inovação na Região Mediterrânica.
A tâmara é uma fonte de cálcio, potássio, magnésio e fibras, reduzindo o risco de doenças neurodegenerativas, osteoporose, enfarte, cancro e stress. Com a sua maior procura e valor comercial, esta fruta passou a ser cultivada em grande escala e num regime de monocultura, sobretudo na variedade mais procurada (Deglet Nour).
Essa prática reduziu a diversidade genética da tamareira e empobreceu a biodiversidade microbiana dos solos no Saara tunisino, alerta Teresa Lino Neto, que na UMinho é professora do Departamento de Biologia e investigadora do Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA). “O ideal é recuperar e valorizar os cultivares tradicionais, utilizando diferentes variedades de tamareiras e até de espécies vegetais para aumentar a riqueza microbiana naqueles solos, pois a monocultura continuada impede a plasticidade biológica nos solos e a diversidade de microrganismos capazes de combater adversidades naturais, como uma vaga de calor”, nota.
No GreenPam, que está a terminar, a equipa portuguesa recolheu amostras de solo e de folhas de tamareiras, demonstrou pela identificação molecular que cada variedade de tamareira tem um microbioma próprio e estudou ainda micróbios, adaptados a climas desérticos, que possam servir para medidas de biocontrolo contra pragas e doenças da tamareira. “Esses micróbios foram isolados da planta e têm potencial como alternativa ao uso de pesticidas e fertilizantes químicos”, esclareceu Teresa Lino Neto.
No consórcio do projeto, a equipa italiana complementou o estudo com a análise da diversidade genética de tamareiras, enquanto a espanhola incidiu nos compostos e na composição das tâmaras para rentabilizar subprodutos da cultura da tamareira, como o caroço, e a sua possível comercialização por cooperativas locais. Já a Tunísia detém os oásis e o conhecimento da forma como se cultiva aquela fruta.
Universidade do Minho
Agricultura
Emoção e tradição na praça de touros Padre Serralheiro: Corrida de 15 de agosto com Luís Rouxinol, Francisco Palha e António Prates
A Praça de Touros Padre Serralheiro, na Messejana, será o palco de um evento taurino muito aguardado no dia 15 de agosto. A corrida começará às 22 horas e contará com a participação de cavaleiros renomados, como Luís Rouxinol, Francisco Palha e António Prates, que irão enfrentar touros de Joaquim Brito Paes. A noite promete ainda ser enriquecida com a presença dos Forcados Amadores da Moita, Cascais e Beja. O evento começará de forma solene com a tradicional cerimónia de Bênção das Velas. É uma ocasião especial para os amantes da tauromaquia e uma oportunidade de ver grandes nomes da tauromaquia em ação.
Os cavaleiros Luís Rouxinol, Francisco Palha e António Prates trarão a sua experiência e habilidade para a arena, enfrentando touros de Joaquim Brito Paes, um dos mais respeitados ganadeiros da atualidade. Cada um dos cavaleiros trará o seu estilo único, prometendo uma competição emocionante e de alto nível.
Os Forcados Amadores, conhecidos pelo seu espírito de coragem e dedicação, terão um papel crucial na corrida. Representando os grupos da Moita, Cascais e Beja, eles enfrentarão os touros com bravura, proporcionando momentos de grande tensão e espetáculo.
Os espectadores poderão desfrutar de uma noite cheia de emoção, com a combinação de atuação de cavaleiros experientes e a bravura dos forcados, em um ambiente que celebra a tradição e a paixão pela tauromaquia. Se você é um entusiasta do mundo taurino ou alguém que deseja vivenciar uma experiência cultural única, este evento promete ser inesquecível.
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