Alentejo
“Avistando os Abutres” fecha ano de caminhadas na Herdade da Contenda
A Herdade da Contenda vai encerrar o calendário anual de percursos pedestres de 2025 com “Avistando os Abutres”, uma caminhada marcada para 29 de novembro, dedicada à observação de aves necrófagas e da fauna mediterrânica que caracteriza este território único do concelho de Moura.
O percurso — com 10 km e duração estimada de 2h30 — oferece a oportunidade de avistar grifos, abutres-pretos e outras espécies cinegéticas como veados, perdizes-vermelhas, coelhos-bravos e raposas, num cenário onde a paisagem natural continua intacta.
A caminhada tem início às 9h00, no Monte do 25, seguindo depois para o Mirante, um dos pontos mais impressionantes da zona Norte da Herdade, antes de rumar ao Monte do Pássaro e aos observatórios de paisagem. O trajeto continua até à ribeira do Murtigão, atravessando áreas de vegetação mediterrânica bem preservada e acompanhando cerca de 750 metros da fronteira com Espanha.
Na fase final do percurso, os participantes poderão observar o mosaico agro-silvo-pastoril que marca esta região, com presença de raças autóctones de caprinos e ovinos.
A organização recomenda calçado confortável, roupa apropriada, água e alimentos para consumo durante a atividade.
As inscrições decorrem até 27 de novembro, através do site oficial (herdadedacontenda.pt), do e-mail geral@herdadedacontenda.pt
ou pelo telefone 285 965 421.
Alentejo
INFARMED abre concurso para instalação de posto farmacêutico móvel em São Salvador da Aramenha

O INFARMED avançou esta terça-feira com a abertura do concurso público para a instalação de um posto farmacêutico móvel em São Salvador da Aramenha, no concelho de Marvão, reforçando a cobertura farmacêutica numa zona de baixa densidade populacional.
O procedimento estará aberto durante 15 dias úteis e dirige-se a farmácias do município de Marvão ou de concelhos limítrofes, tal como previsto no regulamento.
As candidaturas devem ser apresentadas pelo proprietário da farmácia, através de requerimento dirigido ao presidente do Conselho Diretivo do INFARMED, enviado por correio eletrónico.
A criação deste posto móvel pretende facilitar o acesso da população a medicamentos e serviços farmacêuticos essenciais, aproximando cuidados de saúde de comunidades mais remotas.
Educação
Câmara de Beja promove Jornadas da Educação dedicadas à inclusão e bem-estar nas escolas

A cidade de Beja recebe esta quarta e quinta feira, 19 e 20 de novembro, mais uma edição das Jornadas da Educação – Beja Educa: Incluir, Associar e Aprender, uma iniciativa promovida pela Câmara Municipal em articulação com os diferentes agentes educativos do concelho.
O encontro decorre no Pavilhão dos Sabores, no Parque de Feiras e Exposições Manuel Castro e Brito, e pretende criar um espaço de diálogo e partilha entre professores, especialistas e comunidade escolar, centrado na construção de uma escola mais inclusiva, colaborativa e inovadora.
A sessão de abertura está marcada para as 15h00 desta quarta feira, com a presença do presidente da Câmara, Nuno Palma Ferro, representantes do Ministério da Educação e dirigentes das escolas locais.
Ao longo dos dois dias, o programa inclui debates sobre temas como aprendizagem, saúde mental de alunos e famílias, bem-estar dos profissionais da educação, boas práticas escolares, desporto, e equidade social — áreas que continuam a ganhar relevo num sistema educativo cada vez mais exigente.
As jornadas pretendem reforçar a ligação entre a comunidade e as escolas, e incentivar um pensamento mais amplo sobre o papel da educação no desenvolvimento do concelho.
Alentejo
Amphora Wine Day reforça papel da Herdade do Rocim na preservação do vinho de Talha

Evento no Baixo Alentejo reúne produtores nacionais e internacionais dedicados à vinificação ancestral em ânfora e talha.
A Herdade do Rocim, entre Vidigueira e Cuba, voltou a acolher o Amphora Wine Day, um encontro que reúne produtores portugueses e estrangeiros dedicados ao vinho de talha, reforçando o papel do Alentejo na preservação desta técnica com mais de dois mil anos.
O evento, promovido anualmente pela Herdade do Rocim, tornou-se uma referência para enólogos, investigadores e consumidores interessados na vinificação ancestral. O método de produção em talha, preservado no Alentejo desde a época romana, utiliza grandes ânforas de barro, as talhas, onde a fermentação ocorre sem recurso a tecnologia moderna, apoiando-se em práticas transmitidas de geração em geração.
Segundo a organização, o Amphora Wine Day pretende valorizar este património imaterial e dar visibilidade a projetos que mantêm ou recuperam métodos antigos de vinificação. A iniciativa reúne produtores que trabalham com talhas ou ânforas de diferentes tradições, incluindo projetos internacionais oriundos da Geórgia e de regiões mediterrânicas onde estas técnicas também subsistem.
Durante o encontro, os visitantes podem provar diferentes vinhos de talha, assistir a conversas sobre o futuro dos vinhos naturais e artesanais e acompanhar demonstrações do processo tradicional, como a abertura das talhas. A programação inclui igualmente gastronomia regional associada à cultura vitivinícola do Alentejo.
A Herdade do Rocim, responsável pela organização, tem desempenhado um papel relevante na revitalização desta técnica. Desde 2014, produz vinhos segundo o método tradicional alentejano, contribuindo para o seu reconhecimento nacional e internacional. O compromisso com práticas sustentáveis e a aposta na identidade do terroir alentejano são apontados pela empresa como centrais na sua estratégia.
O Amphora Wine Day procura, assim, conciliar tradição e contemporaneidade, promovendo a dimensão cultural da talha e reforçando a visibilidade do Alentejo enquanto território onde esta prática histórica permanece viva.
Carlos Papafina
Pisão: promessas, atrasos e riscos para o Alto Alentejo

por Carlos Papafina
Há mais de meio século que a barragem do Pisão é repetidamente anunciada como “a” obra transformadora para o Alto Alentejo. A própria porta-voz do Partido Socialista lembrava, em 2021, que a barragem já fora prometida por três primeiros-ministros – Mário Soares, António Guterres e Durão Barroso – sem que alguma vez se tenha saído do papel. Estudos preliminares datam de 1957, e o projeto integra hoje o “Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos do Crato”. Em 2016, todos os partidos aprovaram unanimemente recomendá-lo como prioridade no Plano Nacional de Regadios. O discurso oficial insiste em que se trata de uma infraestrutura estratégica: garantiria água potável a cerca de 110 mil pessoas, criaria novos regadios (olival intensivo, amendoal, vinha, milho, entre outros) e produziria energia hidráulica e solar.
Na prática, porém, o projeto é envolto em nebulosas. As organizações ambientalistas têm apontado a falta de transparência nos procedimentos. O GEOTA denunciou, em 2021, que se tratava de um empreendimento com raízes num projeto dos anos 40, e que até hoje não fora sujeito a um estudo de impacte ambiental nem a qualquer processo de consulta pública. Uma coligação de ONG (ANP/WWF, FAPAS, GEOTA, LPN, Quercus, SPEA, ZERO) sublinha que a documentação relevante continua indisponível e que não foram devidamente estudadas alternativas ao projeto. Em setembro de 2022, o Governo chegou a emitir uma Declaração de Impacte Ambiental favorável condicionada, mas a justiça anulou essa decisão em janeiro de 2025, por não considerar os impactos ambientais cumulativos.
Os atrasos crónicos são alarmantes. Apesar dos inúmeros anúncios e da assinatura de contratos, a conclusão da obra é permanentemente adiada. Um relatório governamental de transição, de 2024, identificava atrasos em cinco componentes fundamentais – dos trabalhos iniciais às infraestruturas de apoio – e alertava para a inviabilidade de cumprir o cronograma previsto. A própria CIMAA admite que dificilmente a obra estará concluída em 2025. Em maio de 2025, foram assinados contratos oficiais de financiamento e concessão, num investimento estimado em 222,2 milhões de euros e com prazo de execução até 2027. Contudo, a obra encontra-se suspensa devido a impugnações legais. O processo de reassentamento da pequena aldeia de Pisão – com cerca de 60 habitantes – só agora entrou em curso, exigindo a suspensão do Plano Diretor Municipal, expropriações e a construção de uma nova povoação, mas sem que se vislumbre o início efectivo da barragem.
Entretanto, agravam-se as preocupações ambientais. O tribunal considerou que o projeto causaria “danos ambientais significativos e irreversíveis”. Segundo a sentença de 17 de janeiro de 2025, o enchimento da albufeira destruiria cerca de 10 mil hectares de montado, levando ao abate de quase 60 mil sobreiros e azinheiras protegidas, e afetando 14 habitats prioritários. A Quercus alerta que serão submersos “centenas de hectares de montado”, com perda de árvores centenárias. As ONG lembram ainda que a bacia do Tejo sofre já com a exploração agrícola intensiva, responsável por 75% do consumo de água, o que contribui para a degradação dos solos, dos cursos de água e da biodiversidade. Investir em regadio num território marcado pela seca e desertificação, sem explorar soluções alternativas como a reutilização de águas residuais ou o planeamento integrado, levanta sérias dúvidas sobre a sustentabilidade do projeto.
No plano socioeconómico, o cenário também é preocupante. Apesar da promessa de prosperidade agrícola, os impactos sociais são muitas vezes esquecidos. A experiência de Alqueva é um exemplo: a expansão do regadio intensivo atraiu milhares de trabalhadores migrantes oriundos da Europa de Leste, África e Ásia. Estas populações sazonais foram frequentemente acolhidas em condições precárias, com denúncias de sobrelotação, ausência de saneamento e até trabalho análogo à escravatura. A Autoridade para as Condições do Trabalho chegou a usar essa expressão após fiscalizações em 2017. Autarcas da região reconheceram as falhas e prometeram planos de acolhimento digno, mas a realidade manteve-se. A repetição deste modelo no Alto Alentejo – num território com frágil capacidade de resposta habitacional e serviços públicos debilitados – poderá gerar tensão social, exploração laboral e informalidade no trabalho agrícola.
O paralelismo com o Alqueva é inevitável. Na altura da sua construção, prometeu-se que traria desenvolvimento rural, turismo e emprego. Contudo, os benefícios concentraram-se nas mãos de grandes empresas, com monoculturas intensivas de olival e vinha, deixando de fora os pequenos agricultores. Muitos concelhos da zona viram a sua população continuar a diminuir. Portel, por exemplo, perdeu 10% dos habitantes entre os censos de 2011 e 2021. A coordenadora do projeto Rios Livres do GEOTA afirmou que, no fim, as promessas do Alqueva desapareceram “numa nuvem de fumo”, com famílias sem terras e sem rendimento, enquanto grandes explorações agrícolas monopolizavam o uso da água.
Posto isto, a pergunta impõe-se: que ganhos reais trará o Pisão ao distrito de Portalegre? A promessa de algumas praias fluviais, já replicadas em outras albufeiras, não justifica um investimento público tão avultado nem os impactos ambientais e sociais previsíveis. O que hoje está garantido às populações é a perda de solos agrícolas, a destruição de montado e uma nova pressão sobre recursos naturais e humanos. O discurso político insiste em desenvolvimento. A história recente do Alentejo adverte-nos de que o que poderá emergir do Pisão é um espelho: a reprodução de velhas promessas incumpridas, fragilidades comunitárias e desequilíbrios ambientais. A barragem corre o risco de ser mais uma infraestrutura de betão ao serviço de poucos, e não um motor de progresso sustentável para todos.
Carlos Papafina
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