Portugal
CIMAL com nova liderança: Clarisse Campos assume presidência e inaugura ciclo político decisivo para o Alentejo Litoral
A Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral (CIMAL) entrou oficialmente num novo ciclo político para o quadriénio 2025-2029, com a eleição de Clarisse Campos — presidente da Câmara Municipal de Alcácer do Sal — para liderar o Conselho Intermunicipal. A escolha decorreu a 12 de novembro, durante a primeira reunião dos autarcas após as eleições autárquicas de 12 de outubro, realizada na sede da CIMAL, em Grândola.
A nova presidente assume o cargo com duas vice-presidências estratégicas: Hélder Guerreiro, presidente da autarquia de Odemira, e Álvaro Beijinha, presidente da Câmara de Sines. Completam a estrutura os municípios de Grândola, liderado por Luís Vital Alexandre, e de Santiago do Cacém, presidido por Bruno Gonçalves Pereira — os cinco concelhos que, em conjunto, moldam a governação intermunicipal desta faixa territorial crítica do país.
À saída da reunião, Clarisse Campos expressou o peso e a responsabilidade do novo mandato:
“É com muita honra que aceito esta eleição por parte dos meus colegas, consciente da responsabilidade que assumo, mas com a garantia de que é uma manifestação de confiança que me motiva ainda mais para trabalhar em prol do Alentejo Litoral.”
Nova Presidente da CIMAL
Uma liderança que chega num momento determinante
A eleição ocorre num contexto de desafios crescentes para o Alentejo Litoral, território marcado por profundas assimetrias e simultaneamente por oportunidades de projeção nacional e internacional. Entre Grândola, Alcácer do Sal, Santiago do Cacém, Sines e Odemira cruza-se uma região onde coexistem problemas estruturais — mobilidade, pressão habitacional, escassez de serviços públicos — com motores económicos de projeção global, como o Porto de Sines, o cluster industrial e logístico, a agricultura intensiva e os emergentes setores de energia renovável.
A CIMAL terá, por isso, um papel essencial na articulação política e técnica entre municípios, governo e empresas — e a nova liderança é chamada a reforçar a capacidade de posicionamento estratégico de toda a região.
Dossiês prioritários para o mandato 2025-2029
Embora a nota oficial da organização não detalhe prioridades, vários temas emergem como inevitáveis para a agenda da CIMAL:
Habitação e coesão territorial
A pressão populacional em Sines e Santiago do Cacém, impulsionada pela indústria e pela expansão do porto, contrasta com zonas de desertificação em Alcácer, Grândola e Odemira. A articulação de respostas intermunicipais poderá ser crucial.
Mobilidade regional
A insuficiência do transporte público e a dependência do transporte individual continuam a ser obstáculos ao desenvolvimento económico e à fixação de população.
Gestão ambiental e ordenamento do território
O equilíbrio entre agricultura intensiva, proteção dos ecossistemas (especialmente na costa e na zona do Mira) e desenvolvimento industrial exige soluções integradas.
Energia e inovação
A região é hoje palco de investimentos relevantes no hidrogénio verde, energias renováveis e data centers — áreas que exigem coordenação intermunicipal e garantias de sustentabilidade.
Turismo sustentável
Com potenciais diferenciados — do litoral atlântico ao património histórico e cultural — a região precisa de estratégias comuns para valorizar, proteger e promover os seus recursos.
Uma comunidade intermunicipal com papel crescente
Criada para reforçar a cooperação estratégica entre concelhos vizinhos, a CIMAL tem vindo a assumir um peso crescente na definição das políticas públicas regionais. O seu território abrange cerca de 5.000 km², com dinâmicas económicas distintas mas complementares, e representa um dos polos com maior potencial de crescimento em Portugal.
Com a eleição de Clarisse Campos, e a presença de duas vice-presidências experientes, inicia-se agora uma nova etapa marcada pela expectativa de reforço da coordenação intermunicipal e pela necessidade de respostas políticas eficazes a desafios complexos.
O Alentejo Litoral entra, assim, num ciclo em que a coesão territorial, a sustentabilidade e o planeamento estratégico serão determinantes para o futuro coletivo dos cinco municípios.
Alentejo
Amphora Wine Day reforça papel da Herdade do Rocim na preservação do vinho de Talha

Evento no Baixo Alentejo reúne produtores nacionais e internacionais dedicados à vinificação ancestral em ânfora e talha.
A Herdade do Rocim, entre Vidigueira e Cuba, voltou a acolher o Amphora Wine Day, um encontro que reúne produtores portugueses e estrangeiros dedicados ao vinho de talha, reforçando o papel do Alentejo na preservação desta técnica com mais de dois mil anos.
O evento, promovido anualmente pela Herdade do Rocim, tornou-se uma referência para enólogos, investigadores e consumidores interessados na vinificação ancestral. O método de produção em talha, preservado no Alentejo desde a época romana, utiliza grandes ânforas de barro, as talhas, onde a fermentação ocorre sem recurso a tecnologia moderna, apoiando-se em práticas transmitidas de geração em geração.
Segundo a organização, o Amphora Wine Day pretende valorizar este património imaterial e dar visibilidade a projetos que mantêm ou recuperam métodos antigos de vinificação. A iniciativa reúne produtores que trabalham com talhas ou ânforas de diferentes tradições, incluindo projetos internacionais oriundos da Geórgia e de regiões mediterrânicas onde estas técnicas também subsistem.
Durante o encontro, os visitantes podem provar diferentes vinhos de talha, assistir a conversas sobre o futuro dos vinhos naturais e artesanais e acompanhar demonstrações do processo tradicional, como a abertura das talhas. A programação inclui igualmente gastronomia regional associada à cultura vitivinícola do Alentejo.
A Herdade do Rocim, responsável pela organização, tem desempenhado um papel relevante na revitalização desta técnica. Desde 2014, produz vinhos segundo o método tradicional alentejano, contribuindo para o seu reconhecimento nacional e internacional. O compromisso com práticas sustentáveis e a aposta na identidade do terroir alentejano são apontados pela empresa como centrais na sua estratégia.
O Amphora Wine Day procura, assim, conciliar tradição e contemporaneidade, promovendo a dimensão cultural da talha e reforçando a visibilidade do Alentejo enquanto território onde esta prática histórica permanece viva.
Portugal
Quase 50 mil estrangeiros obtiveram nacionalidade portuguesa em 2024 — mas só 15 mil vivem em Portugal

O número de novos cidadãos portugueses voltou a crescer. Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), 46.840 estrangeiros adquiriram a nacionalidade portuguesa em 2024, um aumento de 13% face a 2023. Mas há um detalhe que muda o ângulo da história: apenas cerca de 15 mil destes novos portugueses residem no país.
A liderança voltou a ser israelita. Tal como no ano anterior, quase 18 mil israelitas obtiveram nacionalidade portuguesa, impulsionados pelo regime que permite a naturalização de descendentes de judeus sefarditas. Em segundo lugar surgem os brasileiros, com mais de 11 mil aquisições, seguidos de cabo-verdianos, angolanos e guineenses.
A tendência deverá, no entanto, sofrer uma reviravolta. A nova Lei da Nacionalidade — já aprovada no Parlamento e à espera de promulgação — vai pôr termo ao regime extraordinário dos descendentes sefarditas. O efeito é visível na pressão atual sobre o sistema: mais de 121 mil pedidos entraram neste ano, 92 mil já deferidos e 515.334 processos ainda pendentes, revela o Instituto dos Registos e do Notariado (IRN).
Com a mudança legislativa no horizonte, 2024 pode ser recordado como o último ano de números tão expressivos entre os sefarditas.
Portugal
Medicamentos essenciais e fármacos até 30 euros não vão aumentar em 2026

Pela primeira vez, os medicamentos considerados essenciais e críticos ficam totalmente isentos da Revisão Anual de Preços (RAP), uma decisão que pretende evitar ruturas e reforçar a sustentabilidade do mercado. O anúncio foi feito esta quinta-feira pelo presidente do Infarmed, Rui Santos Ivo.
A portaria agora publicada alarga ainda a isenção aos medicamentos com preço de venda ao público até 30 euros, valor que no ano passado estava limitado aos 16 euros. A medida deverá gerar poupanças de cerca de 50 milhões de euros, que, segundo o Infarmed, serão usadas para reforçar o acesso a terapias inovadoras e apoiar a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde.
Entre os fármacos abrangidos estão medicamentos de grande utilização em Portugal, como Metformina (antidiabético) e Paracetamol (analgésico). Já no mercado hospitalar, manter-se-á a isenção para medicamentos até 75 euros, como o Docetaxel, utilizado em oncologia, e soluções como o cloreto de sódio. Acima desse valor, deixa de existir travão à descida de preços.
Na lista de medicamentos essenciais também entram fármacos como a Azitromicina injetável (antibacteriano) e o ácido valpróico (antiepilético).
Rui Santos Ivo sublinha que a revisão anual é um mecanismo de controlo da despesa e de atualização dos preços face aos mercados de referência: Espanha, França, Itália e Bélgica. A nova portaria, afirma, procura equilibrar contenção e segurança no acesso a terapêuticas fundamentais.
Portugal
Alemanha avança para um modelo de recrutamento universal: juventude convocada, país dividido

A Alemanha prepara-se para dar um dos passos mais significativos da sua política de defesa desde a suspensão da conscrição obrigatória, em 2011. A partir de 2026, todos os jovens do sexo masculino que completem 18 anos serão convocados para um processo de registo e avaliação de aptidão militar — um mecanismo que Berlim insiste continuar a ser “voluntário”, mas que, na prática, reinstala a engrenagem logística de um alistamento universal.
O anúncio, que chega num momento de tensão geopolítica e de pressão crescente sobre as Forças Armadas alemãs, marca uma mudança profunda na relação entre o Estado e a juventude. E abre um debate nacional que cruza defesa, economia e direitos fundamentais.
A triagem obrigatória disfarçada de voluntariado
O novo sistema funciona assim: todos os homens são convocados para preencher um questionário de predisposição e passam por uma avaliação médica básica. As mulheres podem participar de forma voluntária, mas também serão convidadas.
No final, as Forças Armadas identificarão um “banco de mobilizáveis” — centenas de milhares de jovens mapeados, avaliados e classificados.
A Bundeswehr, que procura aumentar o efetivo para cerca de 260 mil militares até 2035, necessita urgentemente deste “mapa humano”. Nos bastidores, admite-se que, se as inscrições voluntárias não forem suficientes, o governo poderá transformar esta triagem em recrutamento efetivo. O mecanismo legal fica, assim, criado.
Para o general Carsten Breuer, chefe do Estado-Maior, é simples: “A Alemanha precisa de saber quem pode mobilizar, em que condições e com que rapidez.” A frase — aparentemente técnica — levanta, no entanto, uma questão que paira sobre o debate público: a Alemanha está a preparar-se para quê?
NATO, Rússia e a sombra das guerras modernas
O impulso para esta reforma vem de vários lados. Da NATO, que exige maior prontidão militar aos seus membros. Dos compromissos de despesa em defesa assumidos após a invasão russa da Ucrânia. E das fragilidades crescentes da Bundeswehr: falta de equipamento, atrasos crónicos em modernizações, e um défice de pessoal que impede o país de cumprir plenamente as suas obrigações aliadas.
A imagem de uma Alemanha pacifista e burocrática, muito distante do músculo militar de outras potências europeias, começa a ser revista. Para Berlim, a defesa deixou de ser um tema periférico. É agora questão de soberania.
Impactos sociais: juventude inquieta, escolas e empresas em alerta
O novo modelo tem implicações profundas:
Educação e mercado de trabalho: universidades e empresas receiam perturbações no calendário dos jovens.
Igualdade de género: a exclusividade inicial para homens reacende debates constitucionais.
Imagem do serviço militar: perante um país habituado ao voluntariado, o registo obrigatório coloca pressão ética sobre adolescentes que, até aqui, nunca tinham sido confrontados com esta possibilidade.
Organizações estudantis falam de um “regresso disfarçado da conscrição”. A oposição acusa o governo de querer reintroduzir o serviço obrigatório “pela porta do cavalo”. No governo, a resposta é direta: “A liberdade não se defende sozinha.”
Efeito Europa: o que este movimento significa
O gesto alemão tem dimensão continental.
Na Suécia, Noruega, Dinamarca e Lituânia, a conscrição já foi reativada.
A França discute uma remodelação do seu Serviço Nacional Universal.
Em Itália cresce a pressão política para reintroduzir o serviço obrigatório.
A decisão alemã poderá funcionar como catalisador.
Com a maior economia europeia a rearmar-se, os restantes países dificilmente poderão ignorar o sinal.
E Portugal?
Portugal acompanha o debate com atenção.
O nosso modelo de voluntariado tem sofrido com dificuldades de recrutamento, perdas para o mercado privado e carência de especialistas em áreas tecnológicas e de ciberdefesa.
Embora o Governo não tenha manifestado intenção de alterar o regime, o cenário europeu pode obrigar a uma revisão estratégica a médio prazo.
Se a União Europeia caminhar para um reforço conjunto das capacidades militares, a discussão não ficará confinada a Berlim.
O país que acorda para o mundo
A Alemanha enfrenta hoje uma encruzilhada: manter a tradição pacifista que marcou as últimas sete décadas ou assumir que a segurança europeia exige preparação, mobilização e resiliência.
O novo modelo não é ainda recrutamento obrigatório, mas prepara tudo o que um sistema de conscrição precisa: bases de dados, exames, logística, convocatórias, mecanismos de triagem e definição de contingentes.
É, no fundo, o regresso de uma ideia antiga com ferramentas novas.
Se 2026 será um ano de adaptação ou o prelúdio de uma reintrodução plena do serviço militar, dependerá não apenas das escolhas políticas, mas do rumo do mundo. A Alemanha sabe-o. E o resto da Europa também.
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