Internacional
Alentejo define estratégia internacional para 2026 com foco no turismo e na captação de grandes eventos
A Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo definiu o plano de marketing internacional para 2026, num ano que se antevê determinante para a consolidação do destino em mercados estratégicos e para o reforço da sua presença em segmentos de maior valor acrescentado. A proposta foi aprovada por unanimidade na Assembleia Geral realizada em Évora, reunindo municípios, entidades regionais, operadores e agentes privados num consenso raro sobre o rumo a seguir.
O VisitAlentejo prepara-se para intensificar a captação de grandes eventos de trade nos mercados do Reino Unido, Brasil, Estados Unidos e Canadá — países considerados decisivos pela sua capacidade de gerar turistas com maior permanência média e maior despesa. A estratégia contempla também novas ações dirigidas ao segmento high end, bem como uma aposta renovada na valorização de produtos e serviços associados ao Alqueva, hoje reconhecido como um dos ativos turísticos estruturantes do território.
A promoção internacional de Évora 2027, Capital Europeia da Cultura, terá um papel central na agenda, com apresentações previstas em embaixadas e na rede consular portuguesa, numa articulação estreita com a associação responsável pelo programa cultural. Já a Cidade Europeia do Vinho, no Baixo Alentejo, e as Festas do Povo de Campo Maior marcarão forte presença na FITUR, em Madrid, no arranque de janeiro. A ARPTA destaca que este plano resulta da colaboração entre um vasto conjunto de associados públicos e privados, num processo que procurou integrar visões complementares sobre o desenvolvimento turístico da região.
O presidente da Agência, José Santos, sublinha a importância crescente do mercado espanhol e o reforço da relação estratégica com o mercado brasileiro, onde se prevê um conjunto robusto de iniciativas. Entre as mais relevantes estão dois eventos de trade, promovidos por redes de grande influência — Braztoa e INTEREP — que permitirão posicionar o Alentejo junto de operadores com forte capacidade de distribuição. O trabalho nos mercados alemão, norte-americano, inglês e dos Países Baixos continuará a ser prioritário, acompanhando a tendência de crescimento da procura internacional.
Com o apoio adicional do Plano Extraordinário de Promoção, aprovado pelo Governo, será possível reforçar os meios técnicos e humanos da ARPTA. Estão previstas três novas assessorias para os mercados alemão, inglês e francês, bem como o aumento do número de gestores de mercado a tempo inteiro, que passarão de um para três. Para José Santos, estes passos demonstram que o plano de mandato apresentado em março está a ser cumprido e que a agência se encontra preparada para responder a um ciclo particularmente exigente. Na reunião esteve também presente o diretor executivo, António Lacerda.
O desempenho turístico do Alentejo confirma a pertinência desta estratégia: entre janeiro e outubro, a região registou um crescimento de 4% no número de hóspedes estrangeiros, com as dormidas a subirem 4,3% — valores acima da média nacional e superiores ao verificado na maioria das regiões portuguesas. Este reforço de competitividade internacional demonstra, segundo a ARPTA, que o Alentejo dispõe hoje das condições necessárias para se afirmar globalmente, desde que mantenha uma estratégia sustentada, coerente e bem coordenada entre todas as entidades do território.
Alentejo
Vila Viçosa entrega dossier final da candidatura a Património Mundial da UNESCO

O Município de Vila Viçosa e a Fundação da Casa de Bragança entregaram esta terça-feira, 9 de dezembro de 2025, o dossier final da candidatura “Vila Viçosa — Sede Ducal” à UNESCO. A submissão decorreu na Comissão Nacional da UNESCO, em Lisboa, após uma fase de análise técnica e a incorporação das alterações solicitadas pelo Comité do Património Mundial, em Paris.
Segundo o município, esta entrega representa “um passo decisivo” num processo que tem mobilizado investigadores, técnicos do património, académicos e diversas instituições nacionais e internacionais. O dossier agora formalizado resulta de meses de revisão, ajustamentos e consolidação de argumentos que demonstram o valor universal excecional do conjunto patrimonial calipolense.
Ajustes pedidos pela UNESCO
As revisões incluíram aprofundamentos na contextualização histórica de Vila Viçosa enquanto sede da Casa de Bragança, clarificações sobre critérios de autenticidade e integridade patrimonial, bem como a definição de um plano de gestão mais robusto. O Comité do Património Mundial tinha solicitado, durante uma reunião de trabalho em Paris, o reforço de elementos relacionados com a salvaguarda, sustentabilidade turística e envolvimento comunitário.
A candidatura sublinha o papel singular de Vila Viçosa na formação da identidade nacional, destacando o Paço Ducal, o Santuário de Nossa Senhora da Conceição, o tecido urbano renascentista e o conjunto de edifícios e práticas culturais associados à Casa de Bragança.
Última etapa antes da decisão
Com o dossier entregue, segue-se agora a fase de avaliação técnica por parte do ICOMOS — o organismo consultivo da UNESCO para o património cultural — que poderá realizar visitas e solicitar esclarecimentos adicionais ao longo de 2026. A decisão final deverá ser tomada na sessão anual do Comité do Património Mundial, prevista para meados de 2027.
Candidatura com forte apoio institucional
A Fundação da Casa de Bragança e o Município reforçaram, em comunicado, a importância desta candidatura para o desenvolvimento cultural, económico e turístico do concelho. Afirmam tratar-se de “uma oportunidade histórica” para projetar internacionalmente Vila Viçosa e captar investimento em conservação, investigação e dinamização cultural.
A entrega do dossier coincide ainda com uma estratégia mais ampla de valorização patrimonial no Alentejo, onde várias entidades procuram afirmar o território no panorama cultural europeu.
Desporto
Portimão volta a ser capital mundial do karting: Rotax anuncia regresso ao Algarve em 2026

As Finais Mundiais Rotax, uma das mais prestigiadas competições de karting do planeta, regressam em 2026 ao Kartódromo Internacional do Algarve (KIA), marcando a quinta edição realizada em Portimão, depois de 2012, 2015, 2017 e 2022. O anúncio, feito no final da edição de 2025, no Bahrain, confirma a continuidade do Algarve como palco privilegiado da modalidade e reforça o nome de Portugal no calendário global das grandes provas motorizadas.
Com 25 anos de história, as Finais Mundiais Rotax distinguem-se por reunir os melhores jovens talentos e pilotos sénior num formato que, ano após ano, mobiliza cerca de 400 competidores oriundos de todos os continentes. O evento de 2026 realizar-se-á entre 21 e 28 de novembro — um período estratégico que, além de garantir condições atmosféricas favoráveis, reforça a economia regional fora da época alta.
Em 2022, o KIA bateu o recorde absoluto de participantes com 396 pilotos inscritos. A organização admite agora que, em 2026, poderá ser ultrapassada a barreira simbólica dos 400 concorrentes, tornando Portimão o maior ponto de encontro mundial da disciplina. As provas serão transmitidas em streaming para audiências globais, com impacto mediático significativo para o Algarve e para o país.
Para Jaime Costa, CEO da Parkalgar, este regresso não é apenas um reconhecimento desportivo — é também uma vitória estratégica para o território. “O retorno das Finais Mundiais Rotax ao nosso kartódromo demonstra a credibilidade e o respeito que conquistámos desde a primeira edição realizada em Portimão. Mais uma vez, iremos receber cerca de 2000 pessoas ligadas à competição, que estarão no Algarve durante duas semanas. Este tipo de eventos, realizados fora da época estival, têm um impacto económico maior e são fundamentais para a sustentabilidade anual da região.”
O presidente da Região de Turismo do Algarve, André Gomes, recebeu no Bahrain o testemunho simbólico que formaliza a passagem da organização para Portugal. A decisão volta a colocar o Algarve no centro do desporto motorizado internacional — e confirma uma aposta que tem sido progressivamente consolidada pela qualidade das infraestruturas, pela capacidade logística e pelo know-how acumulado em mais de uma década de grandes provas internacionais.
Com o traçado do kartódromo situado junto ao Autódromo Internacional do Algarve, Portimão transforma-se novamente num polo global para equipas, mecânicos, pilotos, famílias e entusiastas que veem na Rotax um dos momentos mais intensos e competitivos do calendário. A organização local prepara já um plano de reforço operacional que garantirá resposta ao aumento previsto de participantes e ao elevado fluxo de visitantes em novembro de 2026.
Para o Algarve, que continua a apostar no turismo desportivo como vetor de diferenciação, o regresso da Rotax representa mais do que uma prova: é a consolidação de um ecossistema capaz de atrair eventos internacionais, gerar impacto económico direto e afirmar Portugal como destino de excelência para o desporto motorizado.
Sociedade
Portugueses quebram hegemonia francesa e vencem as 24 Horas TT Vila de Fronteira

A 27.ª edição da bp Ultimate 24 Horas TT Vila de Fronteira ficará para a história: pela primeira vez em 14 anos, a vitória escapou às equipas francesas e regressou às mãos portuguesas. Luís Cidade, João Monteiro, Mário Franco e Pedro Santinho Mendes protagonizaram uma prestação memorável ao volante de um SSV Can-Am Maverick R, impondo um ritmo que resistiu a avarias, à chuva e ao desgaste extremo de uma das corridas mais exigentes do todo-o-terreno europeu.
O feito ganha ainda maior dimensão porque esta foi a primeira vez que os quatro pilotos competiram como equipa nas 24 Horas, e porque quebraram o domínio de formações francesas habitualmente imbatíveis, apoiadas em protótipos altamente competitivos. A última vitória lusa datava de 2010, assinada então por Pedro Lamy, José Pedro Fontes, Luís Silva e António Coimbra (BMC-BMW).
A organização do ACP voltou a juntar mais de 300 pilotos e vários milhares de espectadores no Terródromo de Fronteira, que nem o tempo adverso afastou. Durante todo o fim de semana, o ambiente foi de festa, persistência e paixão pelo desporto motorizado.
Cidade em destaque e um início dominador
Luís Cidade foi, sem contestação, o homem do fim de semana. Depois de assegurar a pole position e conquistar as duas corridas de sábado, o piloto voltou a ser decisivo no arranque da prova principal, colocando o SSV da South Racing Can-Am na liderança logo na primeira volta.
No entanto, a corrida começou a sofrer reviravoltas cedo. A formação de Laurent Poletti/Ronald Basso/Tiago Reis chegou a assumir o comando, mas uma falha estratégica — reabastecimento fora da zona permitida — resultou numa penalização de 15 voltas e subsequente desistência devido a problemas de motor.
Com a queda deste forte candidato, o quarteto luso-francês da Andrade Competition (Mário Andrade/Cédric Duple/Yann Morize/Nicolas Cassiede) subiu ao segundo lugar, iniciando uma perseguição constante aos líderes.
Noite difícil, chuva e avarias que mudaram tudo
A noite trouxe o habitual cenário de caos que caracteriza a prova. A chuva tornou a pista escorregadia e imprevisível, multiplicando erros e avarias. A Andrade Competition partiu a suspensão traseira após uma saída de pista, perdendo longos minutos nas boxes e caindo para fora do top 10.
Às 12 horas de corrida, a equipa portuguesa mantinha quatro voltas de vantagem sobre a surpreendente formação MMP T3 Rally, que entretanto também viria a perder tempo devido a danos provocados por uma pedra.
Com o amanhecer, o cenário era dantesco: lama, rasto profundo e dezenas de carros marcados pelo desgaste. A Andrade Competition recuperava terreno a ritmo impressionante, regressando ao pódio à 19ª hora.
Final dramático: avaria abre a porta ao rival, mas o sonho português resistiu
Faltavam cinco horas para o fim quando o inesperado aconteceu: problemas elétricos no Can-Am Maverick R obrigaram os líderes a uma longa paragem de 1h40. A vantagem evaporou-se e a Andrade Competition assumiu o comando.
Seguiram-se voltas de pura tensão. A equipa portuguesa voltou à pista decidida a recuperar terreno e, volta após volta, reduzia a diferença. Já na última hora, apenas 4m21 separavam as duas formações.
Mas o destino trocou as voltas à equipa de Mário Andrade: quebra de rendimento do motor, nova paragem nas boxes e a terceira substituição da correia do alternador. A corrida decidiu-se aí. A formação portuguesa retomou a liderança e segurou-a até ao fim, conquistando uma vitória celebrada com emoção visível.
“Ninguém merece sofrer tanto”, desabafou João Monteiro no pódio.
Reações emocionadas
Luís Cidade, que abriu e fechou as 24 Horas, admitiu o enorme desgaste físico e mental:
“Foi uma prova duríssima. Tivemos um grande contratempo, mas a equipa esteve incrível na recuperação. Nas últimas horas gerimos o que era preciso. Estou mais feliz com estas vitórias do que cansado.”
Mário Andrade reconheceu mérito aos vencedores, mas lamentou a oportunidade perdida:
“Queremos sempre vencer. Ficámos a quatro minutos do primeiro, algo raríssimo nestas provas. Para o ano teremos de voltar para conquistar a décima vitória. O número nove não me agrada.”
O holandês Johan Senders, que fechou o pódio, destacou a dureza da prova:
“A chuva transformou isto num desafio incrível. Diverti-me muito e conseguimos um grande resultado.”
Setúbal
Palmela inaugura Unidade pioneira que transforma CO₂ do vinho em inovação e futuro

O ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, inaugurou a nova Unidade de Demonstração da Adega de Palmela no passado dia 19 de novembro, um equipamento que representa um avanço estratégico na valorização sustentável dos subprodutos do setor vitivinícola, no âmbito do projeto europeu REDWine. A cerimónia contou ainda com a presença da presidente da Câmara Municipal de Palmela, Ana Teresa Vicente, bem como dos dirigentes da Adega e da AVIPE – Associação de Viticultores do Concelho de Palmela.
“Este é um exemplo claro de como a investigação e a inovação podem contribuir para a competitividade do setor vitivinícola”, afirmou o ministro, destacando a conversão do dióxido de carbono (CO₂), libertado na fermentação do vinho, em produtos para alimentação, cosmética, bioestimulantes e até componentes enológicos. “Um exemplo de economia circular com assinatura portuguesa”, reforçou José Manuel Fernandes.
Durante a visita, o governante fez ainda questão de sublinhar o dinamismo da península de Setúbal no panorama vitivinícola nacional. “Só no terceiro trimestre deste ano foram certificados 32,9 milhões de litros de vinho com denominação de origem ou indicação geográfica”, salientou. E revelou que está em curso uma nova medida de apoio ao investimento nas adegas, com 980 mil euros já aprovados especificamente para esta região, para além dos apoios à renovação de vinhas através do programa VITIS.
A nova unidade está inserida no projeto REDWine (Reducing the Environmental Damage of WINE production), que teve início em 2021 e termina este ano, e é financiado pelo programa europeu Bio Based Europe. Com um orçamento global de 7,5 milhões de euros, conta com 12 parceiros de vários países europeus – Portugal, Espanha, França, Alemanha, Países Baixos e Irlanda – sendo liderado a nível nacional pela AVIPE. O objetivo central passa pela captura do CO₂ libertado nos tanques de fermentação, que é depois utilizado na multiplicação de algas em biorreatores, promovendo assim uma biotecnologia de ciclo fechado. Estas algas, por sua vez, servirão de base para o desenvolvimento de novos produtos nas áreas da alimentação humana, cosmética e agricultura.
A tecnologia permite armazenar anualmente 2 toneladas de CO₂ por tanque e tratar 28 metros cúbicos de efluentes líquidos provenientes das adegas, contribuindo assim para reduzir a pegada de carbono da produção de vinho e para os objetivos do Pacto Ecológico Europeu. A médio prazo, a expectativa é que estas unidades possam ser replicadas noutras adegas do país e da Europa, transformando as cooperativas vinícolas em verdadeiros fornecedores de CO₂ para múltiplas indústrias.
O futuro da Unidade passa também por se afirmar como um centro de formação e investigação em parceria com o Instituto Politécnico de Setúbal. As visitas técnicas ao espaço, mediante marcação, estão já disponíveis, oferecendo uma oportunidade para viticultores, técnicos e público conhecerem em detalhe o funcionamento do processo.
O município de Palmela foi um parceiro fundamental na concretização da infraestrutura, ao facilitar procedimentos administrativos e de licenciamento, num enquadramento legal inovador. “É uma unidade com interesse temporário e contexto técnico específico. Acreditamos que esta infraestrutura, única no mundo, vai contribuir para a promoção de Palmela e da identidade vitivinícola da região”, refere a autarquia em comunicado.
Para a presidente da Câmara Municipal, Ana Teresa Vicente, este é “um projeto transformador, com impacto na sustentabilidade, na inovação e na valorização territorial”. A autarca acredita que iniciativas como o REDWine podem afirmar Palmela como um exemplo nacional e europeu na integração entre tradição agrícola e ciência aplicada.
A inauguração encerrou com um apelo à continuidade e à disseminação do projeto: “Palmela mostra que o vinho é muito mais do que tradição — é também ciência, futuro e território. Este é o caminho da inovação responsável e da valorização sustentável que queremos para o país”, concluiu o ministro da Agricultura.
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