Economia
Porque é que as criptomoedas estão em queda e as ações no mesmo rumo
A instabilidade voltou a dominar os mercados. A Bitcoin e as bolsas norte-americanas registam quedas expressivas, num movimento que os analistas leem como uma fuga generalizada ao risco. A turbulência está instalada e há sinais de que ainda não acabou.
Nos Estados Unidos, as ações fecharam em terreno negativo. O Dow Jones caiu 499 pontos, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq recuaram 0,83% e 1,21%, respetivamente. O S&P já leva quatro sessões consecutivas de perdas, a mais longa série desde agosto. No mercado tecnológico, empresas como Nvidia, Amazon e Microsoft voltaram a sentir pressão, com quedas entre 2,7% e 4,4%. Desde o pico de outubro, o Nasdaq já perdeu mais de 6,6% e eliminou cerca de 2,6 biliões de dólares em valor de mercado.
No universo cripto, a situação não é diferente. Apenas seis semanas depois de ter atingido um máximo histórico acima de 126 mil dólares, a Bitcoin caiu mais de 26% e está agora a negociar abaixo dos 93 mil dólares. Na segunda-feira chegou mesmo a tocar valores abaixo dos 90 mil, o que não acontecia há sete meses. Com esta queda, já foram eliminados mais de 600 mil milhões de dólares do valor de mercado da criptomoeda.
A razão para esta correção é, segundo analistas, um movimento mais amplo de aversão ao risco. A incerteza sobre a decisão da Reserva Federal relativamente a cortes de juros está a deixar os investidores nervosos, afastando-os dos ativos mais voláteis. O mercado cripto, altamente especulativo, reage de forma amplificada: carteiras de negociação mais “finas” após liquidações em outubro tornam a Bitcoin ainda mais vulnerável a oscilações bruscas.
A queda recente também reflete a realização de lucros de investidores de longo prazo que, após anos de valorização acumulada, estão a encerrar posições. A tensão geopolítica contribui para este cenário: o mercado sentiu o impacto da nova escalada entre os EUA e a China após declarações de Donald Trump, que reacenderam receios de guerra comercial.
Apesar da correção, 2025 tem sido um ano de grande volatilidade para a Bitcoin. A criptomoeda subiu de forma intensa após a reeleição de Donald Trump, apoiada pela expectativa de uma regulação mais favorável ao setor, materializada na aprovação da Lei GENIUS e na escolha de Paul Atkins para liderar a SEC. Essa onda de otimismo empurrou o preço acima dos 126 mil dólares no início de outubro. Agora, as últimas semanas eliminaram praticamente todos os ganhos acumulados desde janeiro.
Por contraste, embora pressionadas, as ações tecnológicas mostram alguma capacidade de recuperação intradiária, algo que a Bitcoin ainda não conseguiu replicar. O sentimento geral no mercado cripto permanece dividido: alguns veem este momento como um ponto de inflexão, outros como uma oportunidade de compra num ciclo ainda intacto. A forte queda de abril, seguida do rali até outubro, é evocada como exemplo da capacidade de recuperação da Bitcoin.
Os próximos dias serão decisivos para perceber se a correção atual representa apenas um soluço de curto prazo ou o início de uma retração mais profunda.
Alentejo
ANMP exige solução urgente para evitar “apagão informativo” em oito distritos

A Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) pediu hoje ao Governo uma intervenção imediata para garantir a continuidade da distribuição de imprensa em todo o país, depois de a VASP admitir suspender o serviço em oito distritos do Interior.
A empresa de distribuição justifica a possível interrupção com quebras significativas nas vendas e aumento dos custos operacionais, colocando em risco o fornecimento diário de jornais em Beja, Évora, Portalegre, Castelo Branco, Guarda, Viseu, Vila Real e Bragança.
Para a ANMP, esta decisão “ameaça o direito à informação” e penaliza sobretudo os territórios de baixa densidade, já sujeitos à redução progressiva de serviços essenciais. A associação alerta ainda que o corte na distribuição agravaria desigualdades territoriais e comprometeria o exercício pleno da cidadania.
A ANMP apela, por isso, a uma solução rápida que assegure meios e mecanismos de distribuição equitativos em todo o território.
Economia
Paramount faz contraproposta para travar compra da Warner pela Netflix

A Paramount avançou com uma proposta de 93 mil milhões de euros para adquirir a totalidade da Warner Bros. Discovery, poucos dias depois de ter sido anunciado um acordo preliminar entre a Netflix e a WBD. A oferta supera largamente os cerca de 71 mil milhões de euros apresentados pela Netflix, que não incluíam os canais de cabo da empresa.
No comunicado divulgado esta segunda-feira, a Paramount afirma que irá dirigir-se diretamente aos acionistas da Warner com uma oferta de 30 dólares por ação, totalmente em dinheiro, e pede que rejeitem o acordo com a Netflix. A empresa argumenta que, ao contrário da proposta da gigante do streaming, a sua oferta consegue suportar o processo regulatório necessário, evitando aquilo que descreve como um risco prolongado para os acionistas.
A Paramount acusa a Netflix de expor a WBD a um caminho regulatório incerto e demorado, envolvendo múltiplas jurisdições e uma combinação complexa de ações e capital. David Ellison, CEO da Paramount, defende que a sua proposta “criaria uma Hollywood mais forte”, beneficiando criadores, público e indústria.
A Netflix, por sua vez, tinha oferecido 27,75 dólares por ação num acordo misto de ações e dinheiro, garantindo acesso ao vasto catálogo da Warner, incluindo a HBO Max e franquias como Harry Potter. As redes CNN e Discovery não estavam incluídas no negócio.
A disputa ganhou também contornos políticos. O Presidente dos EUA, Donald Trump, declarou que o acordo da Netflix “pode ser um problema” devido ao peso de mercado que resultaria da fusão, afirmando que terá um papel na análise governamental à transação.
A oferta pública da Paramount é válida até 8 de janeiro de 2026, podendo ser prorrogada. Na abertura dos mercados desta segunda-feira, as ações da Warner Bros. e da Paramount subiram entre 5% e 6%, enquanto as da Netflix registaram uma ligeira queda.
Economia
Estudantes do ensino superior particular pedem ao Governo IRS mais amigo das famílias

Os estudantes do ensino superior particular e cooperativo querem que o Governo atualize os limites de dedução no IRS para despesas de educação, defendendo que estes valores passem para 1.600 euros por estudante e 2.200 euros para estudantes deslocados. A proposta foi aprovada no Encontro Nacional de Direções Associativas e será enviada ao Ministério das Finanças, ao Ministério da Educação, Ciência e Inovação e aos grupos parlamentares.
Segundo Rui Morais, presidente da Federação Nacional do Ensino Superior Particular e Cooperativo (FNESPC), o atual modelo fiscal está profundamente desajustado da realidade económica das famílias, cobrindo apenas entre 9% e 12% do custo real suportado pelos agregados com estudantes no ensino superior. O dirigente alerta que esta discrepância reforça desigualdades e compromete a democratização do acesso à universidade.
A federação sublinha que o custo médio mensal de renda para estudantes deslocados ronda os 450 euros, o que, por si só, já ultrapassa os tetos legais de dedução fiscal, atualmente fixados em 800 euros para não deslocados e 1.100 para deslocados. No total anual, um estudante deslocado gasta cerca de 8.857 euros no ensino público e quase 11.880 euros no ensino privado, valores incompatíveis com os limites fiscais em vigor.
A proposta inclui também a criação de um mecanismo de revisão periódica dos limites máximos de dedução, a cargo do Ministério das Finanças, para que estes acompanhem automaticamente a evolução dos custos reais das famílias. Para a FNESPC, esta atualização tornaria o ensino superior mais atrativo e protegeria estudantes e famílias que enfrentam dificuldades crescentes devido à inflação e ao aumento dos bens essenciais.
Reativada em 2022, a FNESPC representa 65 instituições do ensino superior privado. A federação considera urgente uma reforma fiscal que reflita as despesas reais dos estudantes e permita um acesso mais justo e equitativo ao ensino superior, independentemente da condição financeira ou da origem geográfica.
Economia
Moçambique espera recorde de produção de ouro em 2026: 1,7 toneladas.

Moçambique prevê alcançar um novo recorde histórico na produção de ouro em 2026, com uma estimativa superior a 1.723 quilogramas. Os números constam dos documentos de suporte ao Plano Económico e Social e Orçamento do Estado para o próximo ano.
Segundo o Governo moçambicano, o aumento esperado — cerca de 4% acima das previsões para 2025 — resulta sobretudo do desempenho robusto das duas principais empresas do setor e dos investimentos feitos para ampliar a capacidade produtiva.
A estimativa para 2025 aponta para 1.651 quilogramas, um acréscimo marginal de 1% relativamente a 2024, ano marcado pela retração da atividade na província de Manica devido aos protestos pós-eleitorais, que afetaram as operações de várias mineradoras.
Impacto económico direto
Com o preço internacional a rondar os 108 mil euros por quilograma, a produção prevista para 2026 representa cerca de 186 milhões de euros, a preços de novembro. No último ano, 44% do ouro produzido em Moçambique foi exportado, e o Governo espera aumentar essa quota para 45% em 2025, com meta de 85% até 2029.
Manica no centro das preocupações ambientais
Apesar das projeções otimistas, o Governo suspendeu em 30 de setembro todas as licenças de mineração na província de Manica. A decisão resultou da degradação ambiental acelerada e da atividade descontrolada, envolvendo tanto operadores licenciados como garimpo ilegal.
A medida inclui uma revisão completa do regime de licenciamento e um reforço da fiscalização. Segundo o porta-voz do Conselho de Ministros, Inocêncio Impissa, a suspensão deverá “estancar a degradação e criar condições para uma operação sustentável”.
O presidente Daniel Chapo classificou a situação como um “desastre ambiental”, após um relatório das Forças de Defesa e Segurança ter identificado práticas sem qualquer plano de recuperação ambiental, despejo direto de resíduos e contaminação severa dos rios, que apresentam tonalidade avermelhada devido à lavagem de minérios sem tratamento.
Além da poluição, foram identificados grupos de estrangeiros envolvidos no garimpo ilegal, operando através de rotas informais e alimentando redes paralelas de comércio de ouro e extorsão, aumentando a insegurança e tensão social.
Comissão interministerial em ação
Para enfrentar a crise, o Governo criou uma comissão interministerial com representantes de várias pastas, incluindo Defesa, Recursos Minerais, Ambiente, Agricultura, Economia, Saúde e Negócios Estrangeiros. O objetivo é reordenar o setor e garantir a sustentabilidade ambiental e económica das operações futuras.
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