Portugal
Presidente da República promulga diploma que altera horários das farmácias, mas deixa ressalvas
O Presidente da República promulgou o diploma que altera o regime de funcionamento das farmácias, mas não sem deixar alertas. Marcelo Rebelo de Sousa sublinha que o texto aprovado contempla “vários pontos” que podem revelar dificuldades na sua aplicação prática, embora tenha considerado que nada justificava o veto.
A decisão foi divulgada através de uma nota publicada no site da Presidência, onde se lê que o chefe de Estado aprovou o decreto-lei, “registando, embora, vários pontos em que as soluções específicas podem suscitar dificuldades de plena concretização”.
O diploma, aprovado em Conselho de Ministros a 27 de outubro, redefine o modelo e os critérios de aprovação das escalas de turno das farmácias de oficina. O Governo argumenta que esta revisão acompanha a aposta numa rede de cuidados de proximidade, articulada com serviços públicos, privados e sociais presentes em cada território.
Alterações adaptadas ao sistema de saúde atual
Segundo o Executivo, a nova legislação atualiza regras que estavam desajustadas face ao funcionamento real do sistema de saúde, incorporando ainda práticas adotadas durante a pandemia que nunca tinham sido formalizadas.
Um dos exemplos mencionados é o dos concelhos com menos de 2.500 habitantes por farmácia, com até quatro estabelecimentos e sem urgências hospitalares nas imediações: nesses casos, pelo menos uma farmácia terá de manter assistência até duas horas após o encerramento do centro de saúde.
O Ministério da Saúde limitou-se hoje a confirmar que o diploma foi promulgado e seguirá para publicação em Diário da República.
Setor pede cautela
A Associação de Farmácias de Portugal acompanha a reforma com reservas. A entidade reconhece a relevância de adaptar o serviço farmacêutico às necessidades atuais, mas avisa que qualquer alteração aos mínimos de funcionamento tem de garantir benefício concreto para os utentes e viabilidade económica e operacional das farmácias. Sem esse equilíbrio, alerta a AFP, a rede de proximidade que serve milhões de portugueses todos os dias poderá ser colocada em risco.
As mudanças agora aprovadas deverão entrar em vigor após publicação oficial, num calendário que dependerá da adaptação das estruturas regionais e das próprias farmácias.
Saúde
Obesidade e estigma: investigação revela desconhecimento, discriminação e desinformação

Um em cada sete portugueses que reúne critérios clínicos de obesidade não reconhece ter a doença. A conclusão, avançada pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), expõe lacunas persistentes na literacia em saúde e na compreensão pública desta condição crónica, apesar de mais de 90% dos inquiridos afirmarem saber que a obesidade exige tratamento.
Entre as 3.333 respostas recolhidas entre novembro de 2024 e fevereiro deste ano, apenas 47,5% identificou corretamente o critério de diagnóstico — um Índice de Massa Corporal igual ou superior a 30. Para Ana Rita Pedro, investigadora responsável pelo estudo Saúde que Conta, o dado mais surpreendente foi precisamente o número significativo de pessoas que, tendo obesidade, não a reconhece como tal. A especialista admite várias explicações: falta de conhecimento, negação associada ao estigma ou dificuldades em interpretar informação sobre saúde.
O estudo revela ainda um “hiato de perceção”: embora 35,5% dos participantes apresentem critérios clínicos de obesidade, apenas 20,45% declarou ter a doença. Esta discrepância acompanha-se de um padrão de respostas que evidencia a influência do estigma social. Quando interrogados sobre situações de convivência pública — ter um amigo com obesidade ou empregar alguém com esta condição — os inquiridos expressam elevada probabilidade de aceitação. Contudo, quando o cenário se torna mais íntimo, como um encontro amoroso ou confiar cuidados infantis, os valores de aceitação descem de forma acentuada.
As mulheres continuam a enfrentar maior escrutínio, reforça a investigadora, apontando a pressão constante exercida pelas redes sociais na construção de ideais corporais irreais. Um padrão que, sublinha, contribui para a desigualdade de perceção e discriminação de género.
O nível de literacia em saúde surge como outro elemento crítico. Mais de metade das pessoas com obesidade (54,1%) apresenta níveis “problemáticos” ou “inadequados”, o que dificulta a compreensão, avaliação e aplicação prática de informação credível. Apesar de se observar uma evolução positiva na última década — de mais de 60% da população com baixa literacia em 2016 para cerca de 45% atualmente — a investigadora alerta que a desinformação continua a ocupar espaço privilegiado, sobretudo nas plataformas digitais.
Ana Rita Pedro defende por isso que instituições científicas, decisores políticos e profissionais de saúde devem ocupar mais ativamente estes espaços, garantindo a circulação de informação rigorosa. Reconhece que já existem profissionais de saúde com forte presença nas redes, capazes de influenciar positivamente o debate público, mas sublinha que a maior dificuldade reside na chamada “literacia crítica”: distinguir evidência científica de estratégias de marketing ou informação manipulada.
Num país onde a obesidade atinge mais de um terço da população adulta, o estudo deixa um recado claro: informar não basta. É preciso capacitar os cidadãos para compreender, avaliar e usar essa informação — e, sobretudo, combater o estigma que continua a distorcer a perceção da doença e a atrasar o acesso ao cuidado.
Agricultura
Tecnologia e Sustentabilidade em destaque na Conferência InovEnsino, no IPBeja

O Instituto Politécnico de Beja acolhe esta quarta-feira, dia 10, a terceira edição da Conferência InovEnsino, um encontro que pretende estimular um diálogo alargado sobre o ensino agrícola e os novos desafios do setor agroalimentar no Baixo Alentejo. A iniciativa, que se prolonga durante toda a manhã, coloca no centro da discussão temas como tecnologia, sustentabilidade e o papel estratégico da região na produção alimentar.
A sessão arranca às 8h30 e reúne, na abertura, a presidente do IPBeja, Maria de Fátima Carvalho, a diretora da Escola Superior Agrária, Maria João Carvalho, e o diretor-geral da AJAP, Firmino Cordeiro, sublinhando a importância desta articulação entre academia e setor produtivo.
Ao longo da conferência sucedem-se três painéis temáticos que refletem áreas-chave para a economia agrícola regional. O primeiro é dedicado à fileira dos cereais e às tecnologias emergentes que podem reforçar a sustentabilidade. Segue-se um debate sobre pastagens inteligentes e inovação na produção animal, terminando com uma abordagem multidisciplinar ao azeite e ao olival sustentável, inserido nos ecossistemas mediterrânicos — uma área onde o Alentejo tem marcado presença crescente.
A iniciativa não termina, contudo, dentro das salas de conferência. Da parte da tarde, a organização promove uma visita técnica à Herdade da Figueirinha, no concelho de Beja. Os participantes terão oportunidade de conhecer o lagar, um campo de compostagem experimental, a vinha e a adega, culminando com uma prova de vinhos que evidencia o potencial agroalimentar da região.
A Conferência InovEnsino procura, assim, reforçar a ligação entre conhecimento técnico, inovação e práticas agrícolas sustentáveis, num setor que continua a ser um dos pilares da economia do Baixo Alentejo.
Alentejo Central
Natal sobre carris: comboio festivo anima três freguesias de Mourão

O concelho de Mourão prepara-se para receber o Comboio de Natal, que começa a circular no dia 13 de dezembro, integrado na programação festiva organizada pela autarquia. Nesse mesmo dia, o Jardim Municipal acolhe também o tradicional Mercado de Natal, que promete trazer cor, artesanato e ambiente comunitário ao centro da vila.
O Comboio de Natal estará ao serviço da população e visitantes de forma totalmente gratuita entre 13 de dezembro e 4 de janeiro de 2026, realizando viagens diárias entre as 14h00 e as 17h00. O percurso abrangerá diferentes pontos das três freguesias do concelho, permitindo que a iniciativa chegue a um maior número de pessoas.
A Câmara Municipal divulgou o calendário das circulações, que se estende por Mourão, Luz e Granja. Em Mourão, o comboio estará disponível nos dias 13 e 14 de dezembro, no dia de Natal, a 1 de janeiro e, já no encerramento da programação, nos dias 3 e 4 de janeiro. A aldeia da Luz recebe o comboio nos dias 20 e 21 de dezembro, enquanto a freguesia da Granja contará com viagens nos dias 27 e 28.
Com esta iniciativa, o município pretende fortalecer o espírito festivo, proporcionar momentos de lazer às famílias e dinamizar a vida social em todas as freguesias durante a quadra natalícia.
Saúde
Pressão na linha SNS 24 impede alargamento nacional do programa de triagem telefónica

O programa “Ligue antes, salve vidas”, criado para reduzir a afluência às urgências e melhorar a orientação dos utentes dentro do Serviço Nacional de Saúde, continua por implementar em várias regiões do país. A limitação não resulta da falta de adesão das unidades locais de saúde (ULS), mas sim da incapacidade da linha SNS 24 para responder ao aumento de chamadas. A confirmação foi dada pelo diretor executivo do SNS, Álvaro Almeida, durante uma audição parlamentar requerida pelo PS.
Atualmente, a medida está operacional em 27 das 39 ULS existentes. Este número corresponde ao limite máximo que os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde consideram exequível, tendo em conta os recursos disponíveis na linha telefónica. Ao atingir este patamar, o alargamento foi suspenso. Álvaro Almeida assumiu que a Direção Executiva pretendia ver o programa implementado em todo o país, mas “dificuldades operacionais” impedem a expansão.
A iniciativa nasceu como projeto-piloto na ULS Póvoa de Varzim/Vila do Conde, antes de ser progressivamente estendida a outras unidades. O objetivo é claro: avaliar a situação clínica do utente antes de este se deslocar às urgências e encaminhá-lo para o nível de cuidados mais adequado. Segundo Álvaro Almeida, o impacto tem sido significativo, contribuindo para aliviar a pressão nos serviços de urgência hospitalares, frequentemente sobrecarregados.
Apesar dos resultados positivos, o futuro da expansão permanece dependente do reforço da capacidade da linha SNS 24, cuja sobrecarga impede, por agora, que a medida seja aplicada a nível nacional.
-
Alentejo1 dia atrásÉvora celebra 10 anos das Montras Vivas com edição histórica e candidatura ao Guinness
-
Alentejo1 dia atrásOito feridos, três em estado grave, em colisão a três na estrada regional 243, no concelho de Avis
-
Portugal3 dias atrásDia da Imaculada Conceição: o que se assinala no feriado de 8 de dezembro?
-
Portugal1 dia atrásReforma laboral “Trabalho XXI” muda regras da parentalidade, contratos, despedimentos, greve e teletrabalho
-
Sociedade2 dias atrásO que está em causa nas alterações à lei laboral? Entenda
-
Ambiente2 dias atrásChuva forte coloca quase todo o continente sob aviso amarelo
-
Política3 dias atrásPresidenciais? Do número recorde de candidatos à imprevisibilidade
-
Sociedade3 dias atrásEstes adultos colocaram uma família inteira e dezenas de operacionais em perigo por iliteracia
-
Educação2 dias atrásCerca de 20% dos professores admitem querer abandonar carreira.
-
Política2 dias atrásAndré Ventura lidera intenções de voto presidencial com queda de Gouveia e Melo
-
Alentejo1 dia atrásBeja reforça solidariedade no Natal com distribuição de alimentos e refeição comunitária
-
Cultura3 dias atrásTrabalhadores de museus e monumentos cumprem última greve do ano
